sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Movimento Encrespa em Curral Velho

 

O Colégio Municipal Thierry Lins foi palco de mais um Movimento Encrespa, uma ação cultural, social e política que visa fortalecer a autoestima das mulheres negras, principalmente no que diz respeito ao cabelo crespo e a aceitação dos seus cabelos naturais. Esse movimento nasceu da necessidade de empoderar mulheres que, ao longo da história, foram socializadas a acreditar que seus cabelos crespos ou cacheados eram algo a ser "domado", "alisado" ou "escondido", devido à imposição de padrões de beleza eurocêntricos que prevalecem na sociedade.






sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Estudo Etnográfico sobre o Saba de Véio da Ilha do Massangano

O Samba de Véio da Ilha do Massangano, localizado em Petrolina (PE), é uma das expressões culturais mais autênticas e tradicionais do sertão nordestino, com raízes afro-brasileiras e forte ligação com as comunidades ribeirinhas do Rio São Francisco. Dissertar sobre esse samba envolve entender não apenas a manifestação musical e dançante, mas também o contexto social, histórico e espiritual que o sustenta.

As letras dos sambas, geralmente são de cunho histórico, politizadora, ou sarcástica. Entre tantas, a minha predileta  certamente é " Coisa Bonita"; cantada por dona Amélia os  versos  questionam de modo sutil a relação entre o agricultor e o sistema capitalista.
A música em si não  faz muita diferença nas questões educacionais, mas a sua produção é carregada de elementos pedagógicos, ninguém nunca faz um samba sozinho, há sempre alguém que parte com uma ideia, mas a produção sempre é coletiva; geralmente reunem-se no quintal de Dona Amélia os tocadores, no caso os tamboreteiros,  Seu Manoel é o mais frequente por ser vizinho de D. Amélia, e as 'mulheres do samba', cada uma traz as suas composições, e entre cantaroladas e gargalhadas escolhem as melhores; sempre com o aval final de Dona Amélia. Vejo que sempre há crianças em torno das rodas de samba, os adolescentes raramente aparecem, mas as crianças se interessam muito. O aprendizado então surge do olhar, da vivência, do contato direto com o mundo do samba, algo que não é imposto, mas desejado, as crianças amam sambar, acompanham o samba todo o mês de Janeiro, cantam, sambam (muito bem por sinal) e arriscam tocar um instrumento ou outro. "O samba nunca vai morrer, olha só o tanto de menino que acompanha, eles tem mais fôlego que nós para acompanhar o samba" diz D. Amélia em umas das noites que eu acompanhei o reisado na Ilha.