segunda-feira, 22 de junho de 2020

Entenda mais sobre #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam



Black Lives Matter, ou seja, "Vidas Negras Importam" é um movimento ativista internacional, criado em 2013 por Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi, e nasceu como uma campanha online após a absolvição do guarda de rua George Zimmerman, por ter matado a tiros o adolescente afro-americano Trayvon Martin. O BLM tem como missão construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras pelo Estado, através da discriminação racial, brutalidade policial, e a desigualdade racial no sistema de justiça criminal.

O Black Lives Matter adota a interseccionalidade, o site diz que:

“Reconhecemos, respeitamos e celebramos diferenças e pontos em comum. Nos vemos como parte da família negra global e estamos cientes das diferentes maneiras pelas quais somos impactados ou privilegiados como pessoas negras que existem em diferentes partes do mundo.

Somos guiados pelo fato de que todas as vidas negras são importantes, independentemente da identidade sexual real ou percebida, identidade de gênero, expressão de gênero, status econômico, capacidade, deficiência, crenças ou descrenças religiosas, status de imigração ou localização.

Estamos trabalhando para um mundo onde as vidas negras não são mais sistematicamente alvo de morte. Comprometemo-nos a lutar juntos e a imaginar e criar um mundo livre de anti-negritude, onde todo negro tem poder social, econômico e político para prosperar. Nosso compromisso contínuo com a libertação de todos os negros significa que continuamos o trabalho de nossos antepassados ​​e lutamos por nossa liberdade coletiva, porque é nosso dever."

Uma das co-fundadoras, Patrisse Cullors, traz uma fala empoderadora sobre o movimento:

“Por isso, quando Trayvon Marti foi assassinado e em 2013, quando George Zimmerman foi absolvido, meu corpo e espírito foram movidos para a ação. Eu não podia imaginar como, em 2013, uma pessoa branca passante poderia matar um menino e não ser responsabilizada. Não queria que George Zimmerman fosse o período da história. Não queria que o nome dele fosse repetidamente repetido pela mídia, por seus colegas supmacistas brancos. [...] Criamos o #BlackLivesMatter como uma comunidade online para ajudar a combater o racismo anti-negro em todo o mundo. [...] Nos últimos seis anos, muitos de nós enfrentamos tanques, balas de borracha, fomos forçados a fazer sentenças de prisão e prisão, fomos vigiados, mentidos, chamados de terroristas, recebemos do FBI etiquetas falsas e alguns de nós perderam a vida. Esses seis anos foram os seis anos mais profundos da minha vida e os seis anos mais traumáticos e desestabilizadores da minha vida. Porque nós merecemos mais do que aquilo que nos foi dado. Porque merecemos a cura e a trnsformação e, o mais importante, merecemos ser livres.”

No Brasil o #VidasNegrasImportam, surge com o mesmo intuito do movimento BLM nos Estados Unidos, para que a população negra, principalmente as favelas, não sejam mais alvos de operações policiais brutais e sem fundamento.

Nem mesmo em meio a pandemia do novo corona vírus polícias deixaram de matar a juventude negra e pobre das periferias, a exemplo de João Pedro que foi morto a tiros dentro de casa. O Movimento Vidas Negras Importam, traz um sentimento de pertencimento e força, pois a população negra em situação de vulnerabilidade sabe que ela não está mais sozinha, que alguém a vê.

A indignação com as mortes brutais construiu esse movimento e nos trouxe até aqui, mas, como diz Cherizar Crippen, uma das líderes do BML: “O que virá a seguir? Estamos de olho. Que esta geração seja a última a desvalorizar a vida negra.”

O site Geledés, por meio da colunista Luiza Sahd, traz uma observação importante sobre o movimento on-line, que por vezes soou pouco consciente por parte de algumas pessoas na internet:

"A princípio, o apoio massivo a essas iniciativas pode parecer uma excelente notícia para o movimento – que precisa muito mesmo de visibilidade. O problema é quando a adesão não passa de ostentação vazia de virtudes e acaba atrapalhando quem, de fato, está se articulando para denunciar atos de racismo.

Bom exemplo disso foi a viralização de fotos pretas acompanhadas pela hashtag #blackouttuesday. O objetivo era promover, nas redes sociais, uma espécie de apagão como pausa para reflexão em respeito e solidariedade às vidas negras perdidas.

Quem chegava desavisado a essa articulação e incluía outras hashtags como #blacklivesmatter em sua publicação, acabava atrapalhando a busca de notícias sobre as manifestações nas redes, já que cada hashtag tinha um propósito diferente e muito bem pensado."

REFERÊNCIAS:

  • https://blacklivesmatter.com
  • https://www.geledes.org.br/como-colaborar-com-o-vidas-negras-importam-sem-silenciar-o-movimento/
Por Thalita Evangelista.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Conhecendo nosso Erê.

Nos dias atuais muitas pessoas, apesar do número de campanhas e estudos desenvolvidos principalmente pelos movimentos negros do Brasil, ainda têm em suas entranhas a mania de disseminar o preconceito racial. Notando a presença desse mal na sociedade brasileira, nasce o Coletivo “ERÊ”. De imediato torna-se necessário explicar a escolha da sigla que acompanha o grupo, que é representada através da imagem e da logomarca presente nas plataformas digitais do coletivo. A palavra ERÊ foi escolhida, por trazer as iniciais do nosso nome "Estudos das Relações Étnicas", mas também por ter como significado "brincar" na língua Iorubá, a qual também faz referência a seres espirituais infantis em religiões de matriz africana.
Para além disso, se vocês notarem, em cima do acento circunflexo da palavra ERÊ possui um desenho de uma ave. Essa ave se chama Sankofa, é um ideograma adrinkra. A Sankofa é um pássaro africano de duas cabeças que, segundo a filosofia do povo Akan, significa “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”. Em outras palavras, podemos compreender como o retorno ao passado para ressignificar o presente, respeitar e nos inspirar na força das nossas raízes, que nos trouxeram até aqui.  

Um fato curioso, é que durante a colonização, essa ave se tornou um símbolo de resistência, pois os africanos escravizados que eram ferreiros esculpiam uma variação dessa ave nos portões, pois só eles conheciam sua simbologia (vejam na foto ao lado). Muito conhecido, esses portões antigos representam muita da nossa identidade enquanto país, e para além disso, nos fala sobre uma maneira que a população africana encontrou para perpetuar suas histórias, afetos, famílias, línguas e religião que foram cortadas quando sequestrados da África. 

Ajudamos a construir esse país, infelizmente, pelo uso da violência e exploração, mas precisamos valorizar a memória dos nossos antepassados por esses feitos, para construir um futuro melhor para todos. O nosso objetivo enquanto coletivo é trazer essas e outras informações sobre a construção de identidade racial no Brasil e de Campo Formoso, pois acreditamos que a educação é a arma mais poderosa pra mudar a vida de uma pessoa, uma pessoa consciente de si e do seu lugar de valor, sonha alto e alcança muitos objetivos, levando muitas pessoas consigo também.

Num país onde mais da metade da população é etnicamente negra, considerando as múltiplas nuances de tom de pele, não devemos ser exceção quanto a riqueza e representação. Esperamos colaborar e sempre contar com vocês nos debates, para conscientizarmos, politizarmos e aprendermos, dando visibilidade e buscando a valorização dessa discussão dentro de Campo Formoso.

Por Thalita Evangelista e Renilson Silva.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Coletivo Erê

A palavra erê vem do iorubá, que significa "brincar" e mitologicamente representada pela figura da criança.
@coletivo_ere é um  Coletivo para o Estudos das Relações Étnicas em Campo Formoso, visando o desenvolvimento de ações socioeducativas e artístico-culturais difundindo conhecimentos e politizando a juventude campoformosense