quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Ancestralidade africana e construção identitária afro-brasileira

Abiola Akande Yayi sem dúvida é um ancestral vivo. Ele que é do Benin, arquiteto e urbanista, escritor, palestrante, e autor do livro: “Ancestralidade Africana e Mundo contemporâneo”, deu a benção a nós do Coletivo Erê e convidados/as/es em participar de uma roda virtual que falasse sobre ancestralidade. Abiola reavivou africanidades em nós. Dos saberes partilhados, ficará aqui nesses registros um pouco do que captamos na experiência da oralidade. Essa oralidade que atravessa oceanos junto conosco.

            Assim como nós que nos tornamos negros e negras a partir do instante em que tomamos consciência do impacto da raça sobre nossos corpos, foi assim que Abiola descobriu-se africano, foi a consequência do racismo estrutural na experiência do espaço geográfico vivido por ele em Uberlândia, dentro da universidade e do bairro em que morava, que ficou evidente aquilo que já denunciamos há tempos, quais espaços estamos¿ Contados no dedo na universidade e nenhum às vistas no bairro.

            “Se fôssemos árvores nossa ancestralidade seriam nossas raízes” (Abiola Yayi). Essa parte mais antiga de nós tem sofrido com mentiras e violências. As histórias contadas sobre nós são mentiras alimentadas através do tempo, Elenini, esses monstros internos que começam dentro da gente, retroalimentadas por violência, auto-ódio, e mais mentiras. Colonizada-mente nos convencemos que nada se pode mudar, assim está feito o processo de alienação. Recorrer as nossas raízes é ir em busca das verdades, é recuperar o nosso axé, nossa potência de vida, nossos grandes feitos enquanto povo, nossa culinária, nossos monumentos, nossas formas de nos organizarmos socialmente já que “o racismo é limitado e insustentável”.

            Dois terços da população africana foi perdido na escravização e colonização. Esses dados e esse obscurantismo da nossa história explicam e objetivam o sentido de estarmos fazendo o que estamos fazendo (nos organizando coletivamente). Há uma grande energia de sacrifício dos nossos pairando no ar, e essa energia de luta, luto, morte e vida, não pode ser esvaziada nem apagada. Retomar a nossa história, juntamente com os povos originários dessas terras Brasil, é um compromisso ancestral, que apesar de tudo, mantém suas raízes vivas para que possamos estar de pé.        










 

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